terça-feira, 30 de junho de 2009

LIÇÃO 10: O EMPIRISMO

O Empirismo: A filosofia dos sentidos


Na filosofia, Empirismo é um movimento que acredita nas experiências como únicas (ou principais) formadoras das ideias, discordando, portanto, da noção de ideias inatas.
Já que empírico é um tipo de conhecimento "enciclopédico" fundamentado noutros, consagradamente notáveis, porem conflitantes com inéditos cuja base é cientifica.
Na ciência, o empirismo é normalmente utilizado quando falamos no método científico tradicional (que é originário do empirismo filosófico), o qual defende que as teorias científicas devem ser baseadas na observação do mundo, em vez da intuição ou da fé, como lhe foi passado.
O termo tem uma etimologia dupla. A palavra latina experientia, de onde deriva a palavra "experiência", é originária da expressão grega εμπειρισμός. Por outro lado, deriva-se também de um uso mais específico da palavra empírico, relativo aos médicos cuja habilidade derive da experiência prática e não da instrução da teoria.

Empirismo na ciência
Um conceito capital na ciência e no método científico é que toda evidência deve ser empírica, isto é, depende da comprovação feita pelos sentidos. Geralmente, são empregados termos que o diferenciam do empirismo filósofico, como o adjetivo empírico, que aparece em termos como método empírico ou pesquisa empírica, usado nas ciências sociais e humanas para denominar métodos de pesquisa que são realizados através da observação e da experiência (por exemplo, o funcionalismo).
Em um outro sentido, a palavra pode ser usada na Ciência como sinônimo de "experimental". Nesse sentido, um resultado empírico é uma observação experimental. O termo semi-empírico é usado em situações parecidas, já que designa métodos teóricos que empregam leis científicas pré-estabelecidas e só depois se utilizam da experiência. Através disso, o corpo teórico se reforça.
Empirismo na filosofia


A doutrina do empirismo foi definida explicitamente pela primeira vez pelo filósofo inglês John Locke (Figura ao lado) no século XVII. Locke argumentou que a mente seria, originalmente, um "quadro em branco" (tabula rasa), sobre o qual é gravado o conhecimento, cuja base é a sensação. Ou seja, todas as pessoas, ao nascer, o fazem sem saber de absolutamente nada, sem impressão nenhuma, sem conhecimento algum. Todo o processo do conhecer, do saber e do agir é aprendido pela experiência, pela tentativa e erro.
Historicamente, o empirismo se opõe a escola conhecida como racionalismo, segundo a qual o homem nasceria com certas idéias inatas, as quais iriam "aflorando" à consciência e constituiriam as verdades acerca do Universo. A partir dessas idéias, o homem poderia entender os fenômenos particulares apresentados pelos sentidos. O conhecimento da verdade, portanto, independeria dos sentidos físicos.
Alguns filósofos normalmente associados com o empirismo são: Aristóteles, Tomás de Aquino, Francis Bacon, Thomas Hobbes, John Locke, George Berkeley, David Hume e John Stuart Mill. Embora no geral seja relacionado com a teoria do conhecimento, o empirismo, ao longo da história da filosofia, teve implicações na lógica, filosofia da linguagem, filosofia política, teologia, ética, dentre outros ramos.

Idade Moderna
A partir de Francis Bacon, foi sendo elaborado um método que sistematizasse as impressões dos sentidos. Na Idade Moderna, graças aos trabalhos do filósofo inglês Francis Bacon, o empirismo começou a se delimitar tal como o conhecemos hoje. Bacon criticava tanto o conhecimento que não fosse proveniente dos sentidos quanto os próprios empiristas de épocas anteriores. Para ele, o método utilizado por empiristas anteriores não era sistemático: embora recolhessem dados da experiência, essas informações eram "capturadas" ao acaso, sem o auxílio de um método rigoroso e sem constituir um todo coerente.

Vídeo sobre Francis Bacon:




Portanto para Bacon era necessário um método que classificasse e sistematizasse as várias experiências e as orientasse no sentido de dar ao homem uma ciência útil, em oposição ao conhecimento científico medieval. A partir das sensações, a inteligência, seguindo o método da indução, elaboraria o conhecimento científico. Dessa maneira, se relacionaria o conhecimento sensível, que forneceria material para a inteligência, e a racionalidade, que manipularia e daria sentido aos dados dos sentidos. Partindo desses princípios, Francis Bacon traçou as bases de uma ciência sistemática em sua obra mais famosa, Novum Organum, publicada em 1620.

Thomas Hobbes



Apropriando-se das idéias de Bacon, Thomas Hobbes (Figura ao lado), outro filósofo inglês, aplicou-as ao estudo da sociedade e da política. Dessa forma, se distanciava de Francis Bacon, que se preocupou basicamente das ciências que estudam o mundo físico.
Para Hobbes, o homem só poderia atingir a verdade através de raciocínios corretos, fundamentados pelas sensações. Assim, em seus estudos, ele começa definindo os termos e noções que vai usar, preocupando-se em estabelecer um método rigoroso segundo o qual manipulará as deduções lógicas provenientes da experiência, representada pelos acontecimentos passados na história. Processo semelhante de análise da História e da situação política do momento pode ser encontrado em outros pensamendores anteriores a Thomas Hobbes, como Nicolau Maquiavel.

Empirismo britânico
O método empírico de Francis Bacon e de Thomas Hobbes influenciou toda uma geração de filósofos no Reino Unido a partir do século XVII. John Locke é considerado o fundador dessa tradição, que ficou conhecida como empirismo britânico, em oposição ao racionalismo que predominava na maior parte da Europa continental.
Em seu livro Ensaio Sobre o Entendimento Humano, Locke descreve a mente humana como uma tabula rasa (literalmente, uma "ardósia em branco"), onde, por meio da experiência, vão sendo gravadas as idéias. A partir dessa análise empirista da epistemologia, Locke diferencia dois tipos de idéias: as idéias simples, sobre as quais não se poderia estabelecer distinções, como a de amarelo, duro, etc., e as idéias complexas, que seriam associações de idéias simples (por exemplo ouro — que é uma substância dura e de cor amarelada). Com isso, formaría-se um conceito abstrato da substância material.
No século XVIII, George Berkeley desenvolve o empirismo de John Locke, mas não admite a passagem dos conhecimentos fornecidos pelos dados da experiência para o conceito abstrato de substância material. Por isso, Berkeley afirma que uma substância material não pode ser conhecida em si mesma. O que se conhece, na verdade, resume-se às qualidades reveladas durante o processo perceptivo. Assim, o que existe realmente nada mais é que um feixe de sensações. Daí sua famosa frase: ser é ser percebido.
Entretanto, para fugir do subjetivismo individualista (pois tudo que existe somente existiria para a mente individual de cada observador), Berkeley postula a existência de uma mente cósmica, que seria universal e superior à mente dos homens individuais. Deus é essa mente e tudo o mais seria percebido por Ele, de modo que a existência do mundo exterior à mente individual estaria garantida. No entanto, apesar de existir, o mundo seria impossível de ser conhecido verdadeiramente pelo homem, pois esse conhecimento só é acessível a Deus. Ao assumir esse empirismo radical, George Berkeley cria a corrente conhecida como idealismo subjetivo.
David Hume
Vamos começar com um Vídeo:



Como pudemos ver no vídeo, o escocês David Hume leva ainda mais adiante o pensamento de Berkeley, pois identifica dois tipos de conhecimento: matérias de fato e relação de idéias. O primeiro está relacionado com a percepção imediata e seria a única forma verdadeira de conhecimento. As relações de idéias se referem a coisas que não podem ser percebidas, que não têm correspondência na realidade e seriam pura imaginação. Dessa forma, os próprios conceitos abstratos utilizados pela Ciência para analisar os dados dos sentidos não seriam verdadeiros.
Baseado nisso, Hume refuta a própria causalidade, a noção de causa e efeito, fundamental para a ciência. Ao observarmos, por exemplo, um pedaço de metal, podemos chegar a um conceito de metal, que corresponde à realidade concreta, perceptível. Se aproximamos nossas mãos do fogo, temos uma idéia de calor, que também corresponde à realidade. Mas quando aproximamos um metal do fogo e observamos que ele se dilata com o calor, não podemos concluir que "o corpo se dilata porque esquenta". As idéias "o corpo esquenta" e "o corpo se dilata" teriam como origem duas impressões dos sentidos, provenientes, respectivamente, do tato e da visão. O problema está na expressão porque. Que impressão sensível origina a idéia de porquê? Como concluímos que um fenômeno é a causa de outro?
Para Hume, o simples fato de um fenômeno ser sempre seguido de outro faz com que eles se relacionem entre si de tal forma que um é encarado como causa do outro. Causa e efeito, enquanto impressões sensíveis, não seriam mais do que um evento seguido de outro. A noção de causalidade seria, portanto, uma "criação" humana, uma acumulação de hábitos desenvolvido em resposta às sensações. No entanto, a crença nessas "verdades" pretensamente inabaláveis, que dariam ao mundo uma aparência de estabilidade, seria ilusão. Dessa forma, muitas verdades científicas seriam apenas relações de idéias que não existiriam na realidade, e, portanto, impossíveis de se confirmar.
Muitos cientistas e filósofos consideram exagerado o empirismo de David Hume, que nega as verdades racionais obtidas a partir da observação. Mas seu pensamento serviu de alerta às pretensões de uma ciência exclusivamente empírica, pois estaria sujeita aos impasses do idealismo, tal como foi demonstrado por ele.